6 de novembro de 2016

Reportagem | Noites Ritual 2016

O mais conhecido ritual musical portuense voltou a cumprir-se no Palácio de Cristal, numa espécie de encerramento do verão: as Noites Ritual são, por excelência, o ponto de encontro do público da cidade invicta com um naipe de bandas portuguesas, numa organização da edilidade portuense, através da Porto Lazer, que criou um alinhamento atraente às várias sensibilidades e faixas etárias presentes.


Numa agradável noite pós-verão, e num recinto onde era possível desfrutar de diversas atividades e mesmo de um mercado muito “vintage”, foi da Concha Acústica que vieram os primeiros sons da noite, trazidos pelos locais The Black Zebra - um jovem duo formado pelos irmãos Nuno e Hugo Machado, com uma proposta post-rock instrumental capaz de fazer mexer os corpos, como fazer a mente planar e viajar para longe.


Pelas onze horas, estreava-se o palco principal com a atuação dos Fandango, de novo um duo, de novo instrumental. Neste caso, a veterania dos seus membros é notória, e o curriculum invejável: o acordeonista Gabriel Gomes foi membro fundador dos Madredeus e Sétima Legião, e o guitarrista Luis Varatojo, ex-Peste & Sida, Despe e Siga e A Naifa, de onde já conhecíamos a mestria na guitarra portuguesa. Aqui e agora, temos os Fandango, tão-somente o cruzamento entre a música tradicional portuguesa e a música eletrónica dançável. Uma hora de espetáculo conduzida com sabedoria e muito bem acolhida pelo público.

De regresso à Concha Acústica para a atuação dos Palankalama, e de novo uma fusão instrumental de universos musicais distintos - tradicionais, folclóricos até. À base rock adiciona-se uma panóplia de instrumentos por vezes inusitados e uma boa dose de humor, à qual o público não foi indiferente.


Só perto da uma da manhã se ouviu, por fim, uma voz em palco - e que voz. Marta Ren, outrora dos Sloppy Joe, apresenta-se com o seu projeto Marta Ren & The Groovelvets. O palco principal acolheu uma verdadeira big band em torno daquela que foi o epicentro da atuação. Sexy e provocadora, Marta Ren projeta-se com uma intensidade frenética, sem nunca comprometer o seu desempenho vocal notável. Um soul / funk vintage e viciante, destemido em pisar qualquer terreno, como na sensual versão de “Light my fire”, dos The Doors, tudo vindo de uma mulher segura da sua condição “non-regular”. O orgulho nas suas raízes portuenses ficou vincado no tema “I’m coming home”, pelo meio de um espetáculo de uma energia contagiante.


Nota: Devido ao mau tempo que se verificou a 24 de setembro, o segundo dia das Noites Ritual 2016 foi cancelado, com a promessa de nova data com as bandas anunciadas: Sean Riley & The Slowriders, Peixe:Avião, The Twist Connection e CRU.

Fotografia e texto: João Fitas

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